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Mina do Chico Rei e Mina da Passagem: atrações imperdíveis em Ouro Preto

Conteúdo atualizado em 25 de fevereiro de 2024

Quem nos acompanha aqui no blog sabe que gostamos de passeios inusitados e sempre carregamos nossos malinhas conosco – e mesmo numa cidade como Ouro Preto, em Minas Gerais, cujos principais atrativos são as igrejas e os museus que remetem ao Brasil colonial, encontramos atrações históricas que são também uma aventura para as crianças (e para os adultos!): as antigas minas de ouro.

MINAS DE OURO PRETO

Ouro Preto possui pelo menos 5 minas de ouro desativadas abertas à visitação, e dentre elas escolhemos duas para conhecer durante o dia que passamos na cidade: a Mina do Chico Rei, que fica no centro histórico, e a Mina da Passagem, que fica a 15 minutos do centro de Ouro Preto, sentido Mariana. E por que escolhemos justamente essas duas? Por terem características bem diferentes: a Mina do Chico Rei é a típica representante da mina explorada no período colonial, com extração manual feita por escravos e desativada ainda no século XVIII; já a Mina da Passagem, aberta também nos idos de 1700, continuou em funcionamento até o século XX, e viveu a transição entre a exploração manual e a mecanizada.

>> Não foi nossa primeira experiência em minas – pertinho de Foz do Iguaçu, atravessando a fronteira com a Argentina, visitamos também as Minas de Wanda, de onde são extraídas pedras preciosas até hoje! <<


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Mina do Chico Rei

Após pesquisar um pouco sobre as antigas minas de ouro de Ouro Preto abertas à visitação, de cara achamos a história da Mina do Chico Rei interessantíssima. Redescoberta por acaso em 1946 no quintal de uma casa, a antiga mina da Encardideira foi explorada até meados de 1750 por Chico Rei, que usou todo o ouro extraído dela para comprar a alforria dos outros escravos que trabalhavam ali. Esse é um resumo, pois há diversas versões da história de Chico Rei mas nenhuma com comprovações históricas, já que pouco se registrava sobre a quantidade de ouro encontrada nas minas (por conta dos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa) nem sobre os escravos, que nem documentos tinham.

entrada da Mina do Chico Rei

Um ponto em comum em todas as lendas sobre Chico Rei é que ele era o rei de uma tribo na África, provavelmente da região do Congo, trazido para o Brasil para ser comercializado como escravo assim como milhares de outros conterrâneos seus. E mesmo escravizado nunca deixou sua condição de rei de lado, tornando-se uma liderança na antiga Vila Rica, para onde foi trazido para trabalhar nas minas de ouro. E aí as histórias começam a divergir: em uma das versões, diz-se que ele comprou sua própria alforria com o ouro que escondia nos cabelos enquanto trabalhava nas minas; já no folheto distribuído na própria Mina do Chico Rei, não fica claro quando nem com quais recursos se alforriou, só há menções à sua liderança e sua luta para alforriar os demais de sua tribo, e à sua amizade com os brancos, que lhe valeu um lugar de respeito na sociedade da cidade na época.

Dito tudo isso, vale contar como é a visita guiada. A mina fica nos fundos de uma casa, e embora pareça tudo meio improvisado (tivemos essa impressão no início), na verdade é bem organizado. Há uma lojinha com artesanato mineiro logo na entrada, um espaço onde em tempos sem pandemia funcionava um restaurante (decorado com objetos antigos), e pouco antes da saída para o quintal, onde está a mina, fica o Seu Toninho da Mina – responsável pela venda dos ingressos e organização dos grupos. Ele também conta em detalhes a história de Chico Rei caso os visitantes queiram saber mais.

Na parte externa, perto da entrada da mina, fica uma pequena queda d’água e um laguinho com peixes. As visitas podem ser agendadas ou, como no dia em que estivemos lá, os grupos são formados conforme as pessoas chegam, numa média de 10 pessoas por grupo. A entrada é estreita e os túneis mais estreitos ainda, havendo inclusive trechos em que é necessário se agachar. A área total da mina é de cerca de 8 km2, com mais de 175 galerias abertas, mas somente 300 metros são iluminados. A visita leva cerca de 30 minutos.

Nosso guia contou um pouco sobre Chico Rei e enfatizou bastante a história sofrida dos escravizados que trabalhavam nas minas: em condições extremamente insalubres, eles ficavam nos túneis de 12 a 14 horas por dia, sem sair para nada, nem quando se machucavam. Aliás, é do trabalho nas minas que vem a expressão “encher o bucho” – buchos eram esses buracos nas paredes dos túneis que deveriam ser preenchidos com o ouro encontrado. Quem não enchesse os buchos com ouro não comia no fim do dia Estima-se que as minas do Chico Rei foram exploradas dessa maneira por mais de 140 anos, até meados de 1840.

É muito impressionante – e bastante claustrofóbico – imaginar as pessoas trabalhando ali sob aquelas condições. Isso porque hoje contamos com a iluminação elétrica, e ficamos só imaginando o quão escuros eram aqueles túneis sob a luz dos lampiões da época. No ponto mais extremo onde os visitantes podem entrar é preciso ficar agachado. Uma aula e tanto de história!

Onde fica a Mina do Chico Rei

A Mina do Chico Rei fica nos fundos da casa de D. Maria Bárbara Lima, na rua Dom Silvério, 108. Bem fácil de encontrar para quem estiver corajosamente enfrentando as ladeiras da cidade a pé.

Mais informações, como horários de funcionamento, agendamentos e preços (e até hospedagem, pois eles disponibilizam um flat via AirBnB) podem ser encontrados na página oficial no IG @minadochicorei.

Mina da Passagem

Localizada entre Ouro Preto e Mariana, a Mina da Passagem é uma sobrevivente do período colonial e do ciclo do ouro. O morro Santo Antonio, onde se localiza, começou a ser explorado em meados de 1730 – da mesma maneira que as demais minas da época, a extração era totalmente manual e feita exclusivamente por mão-de-obra escrava. O que diferenciou a mina da Passagem das demais da região foi a sua aquisição por um geológo e metalurgista alemão em 1819, que fundou a primeira empresa mineradora do Brasil, construindo um engenho e iniciando os trabalhos de lavra subterrânea no local de uma maneira mais moderna e mecanizada. Depois disso a mina mudou de mãos algumas vezes e hoje pertence à Cia. Minas da Passagem, e desde 1979 funciona como atração turística. Estima-se que desde a sua abertura, lá nos idos de 1700, até hoje, já foram extraídas mais de 35 toneladas de ouro dali!

entrada da Mina da Passagem

Mas como é a visita? O grande diferencial desse passeio (e que justifica o salgado preço de 180 reais por pessoa (em 2021)) é a descida de trolley até a mina propriamente dita – nem preciso dizer que foi a parte preferida dos malinhas! São 120 metros de descida nesse carrinho sobre trilhos, e cerca de 200 metros de extensão lá embaixo – tudo sob acompanhamento de um guia que vai explicando os detalhes.

Há também a possibilidade de mergulhar no lago formado pelos aquíferos, comprando o passeio à parte, para quem se aventura em mergulhos de caverna.

O passeio total pela mina dura cerca de 45 minutos, e conforme se entra pelas galerias o guia vai contando curiosidades históricas, detalhes da mineração e lendas da região.

Embora sejam cavernas, o teto é sempre bem alto e há bastante iluminação no caminho principal, o que diminui a sensação de claustrofobia.

Ao final do passeio, saindo da mina, é possível ainda “brincar” de achar ouro num tanque com peneiras que fica disponível para os visitantes. Não tem ouro de verdade, mas vale a experiência!

Antes de ir embora os visitantes também podem andar pelo entorno, explorando antigos equipamentos e visitando uma sala repleta de fotos e objetos antigos.

Onde fica a Mina da Passagem

A Mina da Passagem fica a 10 minutos de carro de Ouro Preto, numa área pertencente ao município de Mariana.

O endereço é Rua Eugenio E. Rapallo, 192, Mariana. Próximo à saída há várias placas indicando o caminho. Todos os detalhes de funcionamento e preços podem ser encontrados no site Mina da Passagem.

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17 respostas

  1. Que dica super legal, não sabia que dava pra visitar as antigas minas de ouro em Ouro Preto. Passeio mais que aprovado esse nas minas do Chico Rei e da Passagem, já quero levar meus filhos pra conhecer essas atrações também.

  2. Quanta riqueza tem nossa história! Ainda tenho muito a conhecer. Estive em Ouro Preto em 2018 e não conseguimos encontrá-la. Na verdade, meu marido não gosta de espaços assim. A visita à mina em Ouro Preto é um super programa.

  3. Adorei conhecer a Mina do Chico Rei e a Mina da passagem através do seu artigo. Eu sou louco pra conhecer Ouro Preto mas ainda não tive oportunidade.

  4. A natureza caprichou em Minas Gerais, isso é inegável. Não tinha conhecimento sobre a Mina do Chico Rei e Mina da Passagem como opções próximas a Ouro Preto. Anotadas para quando formos conhecer a região que está em nosso planos.

  5. Que bacana estes passeios com a família na Mina do Chico Rei e Mina da Passagem, as crianças devem ter adorado, porque tem um quê de aventura, não é? Além da história do Brasil registrada em toda parte. Bacana demais!

  6. Post sensacional, adorei e agora já sei tudo sobre o que fazer na Mina Chico Rei em Ouro Preto, lugar sensacional. Parabéns pelo conteúdo, abraços.

  7. Adorei a sugestão para conhecer a Mina do Chico Rei, em Ouro Preto. Já quero incluir no meu roteiro para quando for visitar esse destino incrível.

  8. Ouro Preto me surpreendendo, nunca imaginei que tivesse lugares como a Mina do Chico Rei e a Mina da Passagem tão próximas a ponto de poderem ser incorporadas ao roteiro pela cidade. Muito bom.

  9. Eu sou tão claustrofóbica que só de olhar pra essas fotos me dá uma agonia kkkk queria tanto visitar as minas de ouro preto, mas acho que nunca vou ter coragem 🙁

  10. Cintia, acabei de descobrir que estive na mina da Passagem olhando as fotos e lendo seu relato. Sempre achei que a mina que visitei fosse em Mariana! Foi há tanto tempo, acho que antes de 1998, e não sei como descobri esta mina, pois na época não havia blogs de viagem nem Youtube com dicas ótimas como esta! Bom saber que ainda está aberta à visitação.

  11. Já estive algumas vezes na região de Ouro Preto e Mariana e já visitei a Mina da passagem 2x (que é um passeio muito legal mesmo para adultos), mas acredita que ainda não fui à Mina do Chico Rei? rs Preciso voltar!

  12. Não sou muito de visitar minas mas o seu artigo me despertou alguma curiosidade. Quando foi a Ouro Preto (quero muito ir) vou lembrar do seu texto.

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