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Para viajar na História: Livros sobre a Segunda Guerra Mundial

Conteúdo atualizado em 30 de novembro de 2023

Em tempos de tanta negação de fatos históricos – ou melhor, de criação de narrativas históricas que distorcem fatos e têm como objetivo atender a determinadas ideologias ou tendências políticas – é importante nos lembrarmos que certos fatos são indiscutíveis. Assim são os horrores do Holocausto, o assassinato em massa de judeus (e outras minorias) durante a 2a Guerra Mundial e considerado o maior genocídio da História moderna.

Há alguns anos tive a chance de visitar um dos maiores campos de concentração da época, hoje transformado em memorial e museu, em Dachau, na Alemanha – estima-se que só nesse campo morreram mais de 40 mil pessoas. Além de ter aprendido muito com todas as explicações expostas ali, guardo para sempre o impacto que aquele local me causou – imaginar as atrocidades e o sofrimento que tantos seres humanos passaram foi perturbador, causando um aperto no peito que sinto até hoje quando me lembro.

escultura na entrada do campo de concentração de Dachau, na Alemanha

Saber que foi possível um evento desse, onde seres humanos matavam outros simplesmente por se acharem superiores ou melhores, é horrível e triste. Mais perturbador é encontrar ainda hoje pessoas que defendem esses supostos “ideais” e neguem as evidências há muito comprovadas. E ainda mais perturbador é ver gente aqui no Brasil invocando símbolos de supremacia branca em público (e pensar que esses mesmos cidadãos “de bem” muito provavelmente seriam considerados de segunda classe e até presos em campos de concentração no regime hitlerista).

Por isso relembrar o que aconteceu é importantíssimo para que não aconteça novamente – se não por livros de História, através de livros e filmes que narrem histórias que de fato aconteceram ou baseadas em fatos reais. Há uma infinidade de obras que têm como pano de fundo acontecimentos passados nessa época, com os mais diferentes enfoques – coloco aqui uma lista de livros que li e que mostram diferentes pontos de vista do mesmo momento histórico. Para ler, se emocionar e refletir muito!

A LISTA DE SCHINDLER

Livro que virou um filme dirigido por Steven Spielberg em 1993, vencedor de 7 Oscars – não à toa, pois a história é mesmo emocionante. A Lista de Schindler conta a história do empresário industrial alemão Oskar Schindler, que durante os piores anos da guerra abrigou e salvou centenas de judeus, escondendo-os em seus galpões e depois enviando-os para a Tchecoslováquia. O autor fez um levantamento minucioso, entrevistando sobreviventes espalhados pelo mundo todo, até chegar nesse relato bastante fiel ao que de fato aconteceu.

O MENINO DO PIJAMA LISTRADO

De longe esse é um dos livros mais tristes e comoventes que já li, provavelmente por ser escrito do ponto de vista de uma criança – um contraste imenso entre a inocência da infância e uma situação monstruosa. A história de O Menino do Pijama Listrado é contada por Bruno, um menino alemão de 9 anos filho de um alto oficial nazista, que se muda de Berlim com a família para os arredores de um campo de concentração onde seu pai será o comandante principal. Entediado e sem ter com quem brincar, numa de suas explorações acaba fazendo amizade com Schmuel, um menino da sua idade que mora do outro lado da cerca e usa “pijama” como todas as outras pessoas ali. A amizade dos dois evolui e ele tenta descobrir as reais atividades do pai, pois não entende o porquê da cerca… até o dia em que ele resolve passar para o outro lado para brincarem juntos.

O livro também foi adaptado para o cinema em 2008, e está disponível no YouTube.

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

Mais uma história onde a protagonista é uma criança, e contada por um personagem bem inusitado: a Morte. A Menina que Roubava Livros é a alemã Liesel Meminger, que é acompanhada pela Morte entre 1939 e 1943. Enviada pela mãe, perseguida pelo regime nazista, a uma família no interior da Alemanha, ela tem o primeiro encontro com a Morte quando o irmão morre no meio da viagem – e rouba seu primeiro livro na mesma ocasião, um volume que cai do bolso do coveiro. Isso porque ela ainda nem sabia ler… Acompanhamos o dia-a-dia de Liesel e suas artimanhas para roubar livros e ler escondido, assim como suas amizades e seu processo de iniciação à leitura, que acaba sendo sua conexão com a família desfeita e a realidade estranha que a cerca. Há muitos trechos comoventes, e a lição que fica é que há amor, amizade e beleza mesmo nas situações mais esquisitas e difíceis.

Também foi adaptado para o cinema e está disponível no YouTube.

A COSTUREIRA DE DACHAU

Considero esse um livro extremamente incômodo porque foi difícil simpatizar com Ada Vaughan, a protagonista de A Costureira de Dachau, tantas foram as decisões erradas que ela tomou durante sua vida. Jovem costureira talentosa e muito ambiciosa, com um emprego promissor na Inglaterra, Ada mente para a família e se deixa levar por um namorado sedutor que a leva para Paris no exato dia em que estoura guerra. São muitas as intempéries que ela enfrenta – ela chega a viver num convento, após ser abandonada grávida pelo namorado – até parar no campo de concentração de Dachau, onde escapa da morte por conta do seu trabalho como costureira. E o incrível (e muito irritante) é que mesmo após tudo isso ela continua tomando decisões erradas e vai parar na prisão. Há que se dar um desconto pelo modo com que as mulheres eram vistas e tratadas na época, mas ainda assim fica difícil desculpá-la. Vale a leitura pelo retrato da guerra em diversos países ao longo dos anos da guerra.

OS BEBÊS DE AUSCHWITZ

Mais uma história real, contada em detalhes dolorosos mas com final feliz – afinal, são sobreviventes. Os Bebês de Auschwitz conta a história de três jovens judias, de procedências diferentes, que se veem separadas de seus maridos e enviadas grávidas a um dos maiores campos de concentração da época, em Auschwitz, na Polônia. O livro cobre as histórias das protagonistas desde 1938, quando começam as restrições aos judeus, até o momento em que são libertadas de Auschwitz, após passarem por situações inacreditáveis para se manterem vivas, esconderem a gravidez e manterem seus bebês, nascidos bem próximos uns dos outros, também vivos. Um retrato doloroso e fiel da trajetória de muitos judeus dos países ocupados pela Alemanha durante a guerra.

O DIÁRIO DE ANNE FRANK

Um dos mais famosos livros passados durante a guerra e um dos mais lidos do mundo, O Diário de Anne Frank foi publicado pela primeira vez em 1947, pouco tempo após o fim da guerra. Transcrição exata do diário da menina judia Anne, que vê sua vida mudar quando passa a viver escondida com sua família num pequeno espaço em um prédio de Amsterdã, após a ocupação alemã dos Países Baixos. No diário acompanhamos a vida de Anne e sua família, que dividiam o esconderijo com outras pessoas, narrada de maneira muito pessoal e por vezes até divertida – afinal, Anne era uma menina passando para a adolescência, com todas as nuances humanas desse período da vida, ampliadas pelos anos de confinamento. O diário termina em 1944, quando a família de Anne é capturada e enviada a campos de concentração – ela, sua mãe e sua irmã mais velha morreram pouco antes do fim da guerra, e seu pai foi o único sobrevivente da família. Foi ele quem descobriu que os escritos da filha haviam sido mantidos no esconderijo e autorizou sua publicação. A casa que serviu como esconderijo da família em Amsterdã virou um famoso museu, que pode ser visitado.

Há inúmeras edições e formatos do livro à venda – o que temos em casa é o da foto, disponível na Amazon.

O TEMPO ENTRE COSTURAS

Best-seller espanhol, O Tempo Entre Costuras é uma verdadeira viagem pela história da Espanha desde os anos 30. Sira Quiroga é uma jovem costureira de Madri que deixa para trás a mãe e o noivo para fugir com um novo namorado para o Marrocos. Após um período de riqueza e glamour se vê abandonada e grávida, e impedida de voltar à Espanha por conta da Revolução Espanhola. Depois de muitas idas e vindas volta a trabalhar como costureira, se envolve com o alto escalão da política e acaba virando espiã dos aliados, já de volta à Espanha franquista. Há tantas reviravoltas que o romance é dividido em quatro partes, todas repletas de detalhes.

Romance de maior sucesso da autora María Dueñas, foi também transformada em série pela Netflix (que até onde sei, não cobre toda a história).

O NAVIO DAS NOIVAS

A consagrada autora Jojo Moyes se baseou numa história real para escrever O Navio das Noivas: em 1946, seiscentas moças australianas (conhecidas como “noivas da guerra”) partiram da Austrália rumo à Inglaterra num velho navio porta-aviões a fim de reencontrar seus maridos: soldados ingleses que ficaram por meses alocados na Austrália, e que retornaram ao seu país após o fim da guerra. A autora soube que sua avó havia sido uma dessas mulheres e a partir disso fez uma extensa pesquisa histórica para criar esse romance.

Embora o início pareça romântico, a realidade não foi tão cor-de-rosa assim – muitas das moças casavam-se sem conhecer direito o noivo, e no caminho recebiam a notícia que não seriam bem-vindas, sendo obrigadas a desembarcar na primeira parada para retornar à Austrália. Outras ficaram viúvas no decorrer da viagem. E uma grande parte delas chegou ao destino, como a avó de Jojo Moyes e algumas das protagonistas do livro.

Livro bem mais leve que os anteriores dessa lista, vale pela curiosidade da extensão da 2a Guerra ao redor do mundo.

A INTÉRPRETE

A história desse livro se passa em 1963, quase 20 anos após o fim da guerra, e é contado do ponto de vista de uma jovem alemã. A Intérprete é Eva, que mora numa Frankfurt totalmente reconstruída, trabalha para um empresa de traduções e quase não tem lembranças da guerra – vive relativamente feliz com sua família e está prestes a se casar e ter sua própria família, seguindo o destino esperado de uma moça da sua geração. As coisas começam a mudar quando Eva é chamada para trabalhar no julgamento de oficiais alemães que trabalharam no campo de concentração de Auschwitz, e conhecendo os sobreviventes poloneses ela passa a ter uma outra visão de seu país, de sua família e de sua própria vida. 

Romance que apresenta uma visão interessante da Alemanha pós-guerra, que normalmente não é muito retratada em livros e filmes.

TODA LUZ QUE NÃO PODEMOS VER

Se pudesse recomendar um único livro dessa lista, seria Toda Luz Que Não Podemos Ver. Difícil não se comover com a história dos protagonistas Marie-Laure e Werner, duas crianças que se tornam adolescentes ao longo dos anos da guerra. Ela é francesa e cega, e ele um órfão alemão, e conforme os capítulos vão se sucedendo o leitor vai entendendo qual é a ligação entre eles – e fica-se na expectativa: será que o destino deles vai se cruzar de algum modo?

Um livro tocante e muito sensível, que faz refletir mesmo depois de acabada a leitura, que também foi transformado em minissérie disponível na Netflix.

UM HOTEL NA ESQUINA DO TEMPO

Ambientado num contexto da Segunda Guerra pouco explorado, a história de Um Hotel na Esquina do Tempo se passa nos EUA, logo após os japoneses bombardearem Pearl Harbour e o Japão se tornar um inimigo declarado dos Aliados. Na Seattle de 1942, dois adolescentes de apenas 12 anos se encontram e se apaixonam: ele descendente de chineses, cujos pais nem falam inglês; ela filha de japoneses há duas gerações radicados nos EUA, nem fala japonês. A histórica hostilidade entre os dois povos é agravada ainda mais quando todos os japoneses e descendentes passam a ser vistos como potenciais espiões e enviados a campos de trabalho no interior do país. A narrativa se alterna entre as décadas de 40 e de 80, costurando os acontecimentos da vida dos protagonistas e seu amor proibido com o cenário histórico.

Uma história de amor sensível e delicada, abordando também acontecimentos bastante incômodos para os EUA.


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18 respostas

  1. Viajar na história realmente é uma abordagem necessária, para entender inclusive o momento atual.
    Obrigada por compartilhar, já li alguns desses livros e esse post é para salvar até ler todos eles.
    Obrigada

  2. Gosto muito desse tema e de conhecer lugares relacionados! Lembranças de atrocidades para nunca mais serem cometidas! Enquanto nao podemos visitar, é muito bom viajar na história da segunda guerra com livros!

  3. É muito importante aprendermos sobre o nosso passado para não repetir os erros no presente e no futuro, né? Adorei a lista de livros sobre a segunda guerra mundial, eu já li o diário de anne frank e A Menina que Roubava Livros, que inclusive, foi um dos meus livros favoritos na época.

  4. Adorei saber dos livros pra viajar na história da segunda guerra, vou guardar aqui esse post pra ler em breve, estou precisando de idéias de livros. Muito obrigado!

  5. Viajar por livros é incrível e poder aprender um pouco mais sobre períodos históricos da história da humanidade nos faz perceber o quanto ainda precisamos mudar!

  6. Simplesmente adorei este post sobre livros de historia da segunda guerra. Já vi os que viraram filme como os bebes do campo de contentração e a lista de schindler. Triste saber do que fizeram com o ser humano como vi nestes livros. Abraços

  7. Já li vários títulos da sua lista sobre a História da segunda Guerra Mundial. É importante recordar mesmo, para que não se volte a repetir tantas otracidades. Acrescentaria "The Librarian of Auschwitz", mas não sei se tem versão em português (li na língua original mesmo)
    Abraço

  8. Fiquei bem impressionada com A Costureira de Dachau e dos livros sobre a segunda guerra, vou começar a leitura por ele. Eu gostei muito de O Diário de Anne Frank e achei muito emocionante visitar a casa em Amsterdã.

  9. O mundo já viveu, e ainda vive, momentos de caos inacreditáveis. A história está aí pra lembrarmos desses acontecimentos terríveis e deve servir de lição para não se repetir. Adorei essa lista de livros para viajar pela história. Alguns desses clássicos já li e tive a oportunidade de ver os filmes também. Excelente lista. Adorei!

  10. Nunca li esses livros, mas já assisti os filmes do Menino do Pijama Listrado e a Menina que roubava Livros e a Lista de Schindler. Quero ler agora!

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