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Para viajar sem sair de casa: 10 livros infantis para os maiorzinhos

Conteúdo atualizado em 9 de janeiro de 2024

Continuamos em casa, respeitando o isolamento social devido à pandemia. Mas quem disse que por isso paramos de viajar? Dá para viajar através de filmes e livros também, e isso estamos fazendo bastante!

E assim como esse bloguinho surgiu de perguntas que amigos e conhecidos nos faziam sobre como eram nossas viagens com os malinhas, pais e mães de amigos dos malinhas têm me perguntado sobre quais livros eles gostam de ler – sempre chama a atenção de todos como os dois gostam de ler e estão constantemente carregando algum livro. E uma informação que senti falta, conforme os malinhas foram crescendo, foi de livros mais elaborados. É fácil encontrar indicações para crianças pequenas ou que estão aprendendo a ler, mas a partir dos 9 ou 10 anos as dicas ficam mais escassas.

Conversei então com minha leitora mais velha (e um orgulho para a mamãe aqui) e analisamos sua já extensa biblioteca para dar dicas de leitura para aquelas crianças que, como ela, já são leitores mais avançados.

O resultado foi uma seleção com um pouco de tudo, de suspense a cordéis, passando por crônicas divertidas, histórias clássicas e até curiosidades históricas, resultando numa lista que minha filha de 10 anos aprova e recomenda. Vem conferir!

EU SOU UMA NOZ (Beatriz Osés, ed. Escarlate)

Partindo de uma realidade absurda – um menino que afirma ser uma noz – a autora de Eu sou uma noz constrói uma narrativa super envolvente em formato de julgamento. A cada capítulo é apresentada uma nova testemunha e um novo personagem, de modo que vamos pouco a pouco entendendo o que aconteceu com o menino Omar e as razões de sua surreal afirmação. Uma história comovente de um menino órfão e refugiado que vai conquistando todos que conhece no novo e estranho país, onde vai parar sozinho e sem ter a quem recorrer, operando uma pequena transformação naquela comunidade.

Por que indicamos? O formato de capítulos como “testemunhos” dos personagens é inusitado e prende muito a atenção, além de não ser comum em livros infantis. E apresentar para os nossos filhos um pouco da realidade além do nosso país e as razões pelas quais muitas famílias fogem de seus países de origem, frequentemente em condições precárias e arriscadíssimas, permite conversas necessárias e pouco comuns com as crianças.

OS BICHOS QUE TIVE (Sylvia Orthof, ed. Salamandra)

Os bichos que tive é um livro divertidíssimo de crônicas, onde a autora conta sobre diversos “animais de estimação” que ela teve durante sua infância, entre eles alguns inusitados, como um bicho-de-pé e uma rã! Seu jeito de contar as histórias faz com que as crianças se identifiquem imediatamente com a menina que ela foi: que aprontava confusões e nem sempre se comportava bem. E para as crianças urbanas, como as minhas, tem um atrativo a mais pelo fato da maioria das crônicas se passar no campo, onde as crianças são mais livres para explorar o ambiente externo.

Por que indicamos? O formato de crônicas é sempre bom para leitores iniciantes ou mais preguiçosos, pois são curtinhas e não cansam. E o tom bem-humorado da autora torna muito engraçadas as histórias dos seus relacionamentos com os diversos animais de estimação da sua infância.

NAS RUAS DO BRÁS (Dráuzio Varella, ed. Companhia das Letrinhas)

Sim, o autor de Nas ruas do Brás é o Dr. Drauzio Varella, médico renomado e autor de vários livros adultos, figura que admiro muitíssimo como médico e ser humano. Neto de espanhóis e italianos, neste livro infantil ele conta sobre suas memórias de infância numa São Paulo muito diferente da de hoje, onde imigrantes de várias nacionalidades conviviam (nem sempre de forma muito harmoniosa) num clima de cidade pequena. Mas é impossível não se identificar com as alegrias e tristezas do menino Drauzio, mesmo tendo se passado tantos anos.

Por que indicamos? Esse livro é uma pequena viagem no tempo e desperta aquele sentimento das histórias contadas por um avô às crianças de hoje – aquele misto de fascinação e estranhamento, afinal os avôs também foram crianças, mas num tempo muito diferente do nosso. E para quem conhece a cidade de São Paulo, em especial o bairro do Brás, parece um retrato antigo de um tempo que já passou.

QUEM MATOU O SACI? (Alexandre de Castro Gomes, ed. Escarlate)

Outro livro em formato inusitado, em Quem matou o saci? a história começa quando o Saci, aquele conhecido personagem do folclore, aparece morto em circunstâncias misteriosas. Dois detetives passam a trabalhar na investigação do suposto assassinato, se debruçando sobre os possíveis suspeitos, todos também personagens folclóricos. A cada capítulo, os detetives analisam a ficha de cada um dos suspeitos, investigando seu histórico e quais razões teriam para assassinar o Saci.

Por que indicamos? Esse clima “policial” é instigante e prende a atenção do leitor, assim como acontece nos livros adultos de mistério. E ainda tem o adicional de apresentar aos pequenos uma porção de figuras folclóricas pouco conhecidas (e muito assustadoras) fora de suas regiões de origem.

Esse livro tem uma continuação – PROCURA-SE O CURUPIRA – que se passa depois do primeiro livro e tem um formato parecido, de investigação policial, onde os suspeitos também são todos personagens do folclore brasileiro.

COMO FAZÍAMOS SEM (Bárbara Soalheiro, ed. Panda Books)

Para quem tem uma criança curiosa em casa esse livro é perfeito! Em Como fazíamos sem, a autora passa o retrato de como era a vida sem determinados objetos – muitos dos quais seria impensável não ter hoje em dia. Alguns são realmente impensáveis, especialmente os que envolvem higiene, como papel higiênico e vaso sanitário. Outros são situações até que recentes, como a lei do divórcio ou sobrenome. Cada capítulo trata de um assunto, e garanto que até os adultos vão se surpreender com a origem de algumas coisas.

Por que indicamos? Além de ter uma abordagem curiosa, esse livro apresenta aspectos históricos e sociais que são uma viagem no tempo. Apresentar para essa geração que já nasceu com celular nas mãos e Netflix na tela um cenário diferente da sociedade humana ao longo dos tempos é muito educativo.

AS CIENTISTAS: 50 MULHERES QUE MUDARAM O MUNDO (Rachel Ignotofsky, ed. Blucher)

As crianças – especialmente as meninas – que se interessam por ciências vão amar As Cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo, um compilado das mulheres mais importantes para a ciência até hoje. De Paleontologia a Matemática, de Psicologia a Física, esse livro reúne as histórias de vida e as descobertas e invenções de 50 cientistas mulheres ao longo da História. A maioria foi pioneira em seu ramo de atuação e muitas (se não todas) enfrentaram preconceitos e boicotes, isso quando não morreram no anonimato e só foram reconhecidas muitos anos depois. As ilustrações são encantadoras e todas as minibiografias contam detalhes da vida pessoal e da trajetória profissional delas. Minha filha ama ciências e mantém esse livro na cabeceira da cama, e meu malinha menor ficou fascinado em saber que uma das primeiras paleontólogas do mundo não tinha formação acadêmica e morava num local com muitos fósseis, de onde veio seu interesse em estudá-los.

Por que indicamos? É maravilhoso poder conhecer um pouco da trajetória pessoal de pessoas que produziram conhecimentos importantíssimos para a humanidade, ainda mais em tempos de tão pouca valorização da ciência. E saber que muitas dessas pessoas foram desacreditadas ou passaram por muita dificuldade para que fossem reconhecidas simplesmente por serem mulheres é um ponto de partida interessante para conversas importantes com as crianças, sejam meninos ou meninas.

Das mesmas autora e editora e no mesmo formato de livro, recomendamos também AS ARTISTAS: 50 MULHERES QUE INSPIRARAM O MUNDO e AS ESPORTISTAS: 55 MULHERES QUE JOGARAM PARA VENCER – também são muito inspiradores!

CORDÉIS QUE EDUCAM E TRANSFORMAM (Costa Senna, ed. Global)

Minha filha ama esse livro e fez questão de colocá-lo nesta lista. Cordéis que educam e transformam foi Indicado como livro paradidático na escola no ano passado, quando estudaram cordéis, ela se apaixonou por esse gênero literário. Ajudou o fato do próprio autor, um dos cordelistas mais importantes do Brasil, ter ido até a escola para um bate-papo com os alunos – foi uma emoção poder encontrar um autor pessoalmente!

Realmente é um livro encantador, que aborda temas muito adultos e importantes – como alfabetização, uso de recursos naturais, feminismo, participação política – em forma de cordéis elaborados e muito bem escritos.

Por que indicamos? O cordel é um gênero genuinamente brasileiro e muito rico. O fato de ser meio poesia meio prosa, de usar um vocabulário mais rebuscado, dos assuntos serem abordados de forma incisiva – é um pacote pouco familiar para crianças, mas que abre um leque enorme de alternativas de discussão e de aprendizagem.

A CONFERÊNCIA DOS PÁSSAROS (Peter Sis, ed. Companhia das Letrinhas)

Adianto que esse não é um livro para qualquer um, e é preciso abrir o coração e mergulhar nas lindas ilustrações para não achá-lo simplesmente estranho e sem sentido. A Conferência dos Pássaros é a versão infantil de uma história oriental clássica, conta a jornada de um grupo de pássaros liderados por uma poupa (um tipo de pássaro migratório) em busca de um sábio que teria respostas a todas as suas perguntas e solução para todas as suas mazelas. Nessa viagem, passam por 7 vales, até que descobrem algo que vai mudar a vida de todos eles. Encontramos esse livro sem querer numa banca de livros usados e eu imediatamente me apaixonei pelas ilustrações, sem saber nada sobre a história original.

Por que indicamos? Nós, seres humanos, não estamos todos sempre em busca de algo que nos complete? Esse livro permite essa reflexão: nossas buscas, nossas dúvidas e como normalmente as respostas estão dentro de nós mesmos.

ROBÔ SELVAGEM (Peter Brown, ed. Intrínseca)

Como seria um encontro entre natureza e tecnologia, sem a intervenção do ser humano? Pois Robô Selvagem, um livro comovente e sensível, explora justamente essa possibilidade. Uma robozinha programada para sobreviver se vê sozinha numa ilha habitada somente por animais. Acompanhamos como pouco a pouco ela se adapta e se envolve com os nada simpáticos habitantes da ilha, e quando tudo parece bem, uma reviravolta acontece (não vou contar mais para não dar spoiler).

Só digo que não é um final feliz, mas também não é destituído de esperança – o que eu pessoalmente acho ótimo num livro infantil. Nem sempre os finais são felizes na vida, mas nem por isso devemos perder a esperança, certo?

Por que indicamos? É uma história instigante e muito curiosa sobre natureza x tecnologia, e como uma se adapta à outra. E o final não exatamente feliz, que pode ser até meio frustrante, difere de livros infantis mais tradicionais – e eu particularmente gosto de finais surpreendentes.

VIAGEM AO CENTRO DA TERRA (Julio Verne, várias edições de diferentes editoras)

Viagem ao centro da Terra é um clássico de todos os tempos – eu me lembro quando li, tinha talvez a mesma idade da minha filha hoje, e gostei tanto que li todos os outros de Júlio Verne que me caíram nas mãos. Mas o que torna essa história mais especial que as outras, na minha opinião, é que leva literalmente a outro mundo, numa versão mais radical e meio pré-histórica. Acho incrível ter sido escrito em meados de 1800 e ainda assim se manter atual, ultrapassando gerações.

Por que indicamos? Porque clássico não é clássico por acaso, não é mesmo? A história de aventura é ótima e continua prendendo a atenção de crianças ao longo de quase 2 séculos – tanto que já ganhou diversas versões bem-sucedidas no cinema. É a prova que uma história bem contada é atemporal.

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